outubro 12, 2006

Transição Incompleta

Já tinha falado pessoalmente para ao menos dois dos três leitores deste blog sobre as dificuldades com a adaptação a uma nova língua. Não é apenas o problema do sotaque característico da região: é a questão do "aprender a pensar" em outra língua que não a nativa. Mais cedo ou mais tarde, acabamos nos dando conta de um procedimento sequencial que é mais cansativo do que se imagina à primeira vista:

- recebemos a informação em inglês
- traduzimos a informação recebida para o português
- pensamos a resposta em português
- traduzimos a resposta para o inglês
- e, por fim, enviamos a resposta em inglês.

O ideal, lógico, seria reduzir estas cinco etapas para apenas três (receber a informação, pensar a resposta e enviá-la), e espero conseguir isto com o tempo. Neste ponto (comentário do economista), vantagem para os orientais que vem para cá estudar e trazem consigo seus filhos: as crianças, por serem alfabetizadas em inglês e falarem a língua nativa em casa, não terão esta dificuldade que estou passando. Inevitável, a partir daí, discutir por que os países orientais estão apresentando taxas de crescimento superiores à América Latina.

Mas este tipo de desvantagem linguística, aplicado no contexto do curso que estou fazendo, gera situações engraçadas. Outro dia, estava resolvendo uma lista de exercícios com outros dois colegas na faculdade. Já era perto do final de semana, estava cansado, eram 11 horas da noite. No meio da correria, um deles me faz uma pergunta sobre a matéria, e eu respondo. Os dois colegas param o que estavam fazendo e ficam olhando para mim. Pensei que tinha acontecido alguma coisa, falado alguma barbaridade. Quando um deles olhou para mim e disse "What?" foi que a ficha caiu: eu tinha falado a resposta em português!!!!

Entretanto, como diria um ex-Presidente, "não me deixem só"!!! Hoje, prova de econometria: todo mundo estressado durante toda a semana, reuniões de estudo que duravam até altas horas da noite, listas de exercícios, horas na biblioteca. Terminada a prova, um colega (búlgaro) perguntou para outro colega (argentino) como ele tinha ido na prova:

"- La cuestión numero dos es imposible..."

E seguiram-se mais três ou quatro frases em espanhol. Ou seja, estamos todos no mesmo barco, as dificuldades são as mesmas para todos os que vêm de outras terras para este canto do mundo.

Abraços!

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