junho 13, 2008

Metas de Conclusão

Lendo matéria a respeito da eleição para reitor da UFRGS, também me chamou a atenção (já que o Cristiano escreveu primeiro, merece todo o crédito) a meta implementada pelo Ministério da Educação, de aumentar a proporção de alunos que concluem o curso para algo em torno de 90%. Cristiano compara a meta com a taxa de conclusão em universidades americanas, observando que uma universidade com 90% de alunos que concluem o curso estaria em terceiro lugar no ranking da US News. Para atingir tal meta, de acordo com ele, os professores passarão a ter que "reprovar menos" seus alunos, reduzindo, obviamente, a qualidade do ensino.

Vou fazer duas observações, ainda que concorde sobre a "armadilha da qualidade" que se coloca para universidades públicas com esta meta bastante elevada de conclusão de curso. Primeiro, a comparação do Cristiano talvez não seja a mais adequada, já que o ranking é de percentual de alunos que terminam o curso "em quatro anos". Por um lado, isto caracteriza bem o estágio (lamentável) das universidades públicas no Brasil: estamos falando de 66% dos alunos que concluem o curso, independentemente de ser em três, quatro, cinco, oito ou dez anos!!!! Por outro lado, nas universidades ditas de ponta por aqui, os alunos trabalham em troca de uma bolsa dentro da própria universidade. Logo, o tempo disponível para estudos acaba sendo maior, já que os alunos trabalham, almoçam (e às vezes até moram) dentro do próprio campus. Bem ao contrário do Brasil, onde o pessoal que trabalha ainda tem que fazer o deslocamento até a universidade, da universidade para casa, para daí ter algum tempo para estudo extra-classe. O fato das pessoas terem que trabalhar é justificativa para a baixa taxa de conclusão? Diretamente, acho que não. Mas o fato de não conseguirem trabalhar próximas do ambiente acadêmico dificulta.

Em segundo lugar, uma pergunta, já que eu não sei como este tipo de aluno é classificado, e que, talvez, torne a meta interessante: alunos jubilados entram na categoria "curso concluído", "curso não-concluído", ou não entram nas estatísticas? Se alunos jubilados não entrarem nas estatísticas, talvez a universidade tenha obtido, finalmente, a justificativa necessária para excluir do seu meio aqueles tipos que todos conhecemos: possuem mais ou menos a minha idade e ainda estão em dúvidas existenciais a respeito da carreira a seguir ("simplesmente vagabundos", "eternos estudantes em busca de uma idéia para mudar o mundo", ou "membros da fila de espera para migrar do Diretório Acadêmico para a assessoria de algum vereador de partido de esquerda").

Abraços!

P.S.1: comentário do Cristiano obtido junto ao blog do Shikida.
P.S.2: notaram qual é a terceira universidade no ranking que o Cristiano encontrou? ;-)

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