julho 30, 2008

Crime e Castigo

Hoje saiu a punição para um árbitro da NBA que "armava" resultados de forma a faturar com apostas feitas sobre os jogos que ele próprio apitava. Tim Donaghy foi condenado a 15 meses de prisão, menos da metade do máximo que poderia pegar pela acusação de conspiração para influenciar resultados de jogos. A pena menor que a máxima é resultado da cooperação do ex-árbitro com as investigações do FBI.

Esta matéria dá uma linha de tempo interessante em um pequeno quadro: em junho de 2007, o FBI pediu à NBA permissão para seguir com uma investigação a respeito de jogos de azar; em julho de 2007, Tim Donaghy pede demissão do seu posto de juiz na NBA, por estar sendo investigado junto com uma máfia de Nova York; hoje, 29 de julho de 2008, saiu a sua condenação. Agora, organizamos um paralelo, de um evento parecido no Brasil: em 28 de setembro de 2005, edição da revista Veja traz estampada na capa matéria tratando da máfia do apito, onde o árbitro Edílson Pereira de Carvalho é acusado de manipular o resultado de jogos do Brasileirão; no mesmo final de semana, no dia 27 de setembro de 2005, a CBF pede o afastamento de Edílson do quadro da FIFA (não foi ele que solicitou a própria remoção do quadro de arbitragem); em 17 de outubro de 2005, o STJD afasta Edílson do quadro de arbitragem; em matéria no site do GloboEsporte de 2007, Edílson se revela administrador de bar e ponteiro esquerdo de final de semana. Está em liberdade.

Quase três anos, e a punição recebida por Edílson Pereira de Carvalho passou bem longe da cadeia, a despeito de, já naquela época, ele ter aparecido algemado por uma ação da Polícia Federal (imagens aqui, por volta do minuto 5:50 do video).

Tendo este ladrão de galinhas um destino completamente diferente do seu equivalente americano, e tendo a ação da Polícia Federal também não funcionado para um ladrão de galinhas, algum leitor aqui do blog espera que Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta venham a receber alguma condenação, ainda que tenham passeado de camburão usando algema prateada? Se a PF gastasse um pouco mais de dinheiro organizando melhor os inquéritos, ao invés de ficar levando candidatos à vaga na prisão para passear, talvez a situação fosse um pouco diferente, não? É impossível entender como pode um juiz envolvido em escândalo federal nos Estados Unidos ser condenado em menos de um ano (logo, em um processo sem falhas no inquérito), enquanto o seu equivalente brasileiro é atacante de time de várzea nos finais de semana depois de três anos da acusação.

A relação crime-castigo está completamente deturpada no Brasil.

Abraços!

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