novembro 16, 2009

Política Monetária e o Limite Inferior dos Juros

Um blog onde eu tenho acompanhado com cuidado as discussões sobre política monetária é o de Scott Sumner. Ele já tem alguns quilômetros rodados em termos de tempo na universidade, e sua especialização, além de economia monetária, é em história econômica, em especial a política monetária na época do padrão-ouro. Scott não é muito fã da forma atual de pensar em política monetária, mas, por outros meios de organizar seu raciocínio, ele conclui que uma política de "targeting the forecast" seria a mais apropriada para a condução da política monetária.

Ainda que não goste muito da forma como se estuda política monetária nos dias de hoje, Scott gostou de um texto recente de Michael Woodford e Vasco Cúrdia, sobre política monetária nas proximidades do limite inferior das taxas de juros nominais.

Vale a leitura.

Abraços!

2 comentários:

Alex disse...

O Woodford apresentou este paper no seminário de metas do BC em agosto(?). Realmente muito bom e as conclusões são interessantes: o papel de intermediador de última instância (o "credit easing") ganha apoio teórico pesado nas situações de "zero bound".

Já em condições normais, o interessante é notar que heterogeneidade entre agentes e'um papel explícito para crédito não afetam as conclusões gerais da abordagem "novo-keynesiana" à política monetária.

Angelo M Fasolo disse...

O paper, de fato, é muito bom mesmo. Ainda acho o paper anterior (Woodford e Eggertson) mais relevante para a análise de política monetária perto do "zero bound". Entretanto, em tempos de "credit crunch", fazer este complemento é legal. Outro paper que faz isto, e sem precisar de heterogeneidade dos agentes, é Gertler e Karadi (2009). Vale a pena.

Sobre heterogeneidade e as conclusões de política monetária, vale lembrar que, sem heterogeneidade, não existe papel para o crédito: é necessário existir uma diferença na utilidade intertemporal do consumo dos agentes para valer a pena alguém emprestar e alguém tomar emprestado crédito. E este papel não é novo na literatura (ver, por exemplo, os papers de Matteo Iacoviello sobre o canal de crédito, a maioria baseados em Kyotaki e Moore 1997). O que ficou legal no paper do Woodford é que ele não toma a medida extrema (adotada por muitos autores) que é ter um agente "risk neutral" e outro "risk averse" para justificar a existência do crédito: bastam choques nas preferências de agentes com aversão ao risco.

Valeu o comentário, Alex!