junho 01, 2010

Pra Não Dizer que Não Falei...

... do tão discutido texto de Narayana Kocherlakota, Presidente do FED de Minneapolis, um breve comentário. Eu encerrei um post antigo com a seguinte frase: "[A macroeconomia moderna] apenas (ainda) não é computável de uma maneira adequada. Seja para clássicos, seja para keynesianos".

No post, eu fazia considerações sobre a inadequação da classificação americana entre economistas "de água doce" e "de água salgada", tendo em vista a convergência metodológica entre os grupos. Com a frase final, tinha deixado a idéia no ar que pretendia desenvolver em um post mais cuidadoso que aquele. Felizmente para o leitor deste blog, um economista muito mais competente e inteligente que eu formalizou os conceitos que eu ainda mal elaborava quando pensava no tema. Este trecho genial da introdução já diz tudo:



"According to the media, the defining struggle of macroeconomics is between people: those who like government and those who don’t. In my essay, the defining struggle in macroeconomics is between people and technology."



Depois de uma revisão da história da macroeconomia nos últimos 40 anos, desde a decadência dos velhos modelos keynesianos, passando pela revolução das Expectativas Racionais e do uso recente de modelos DSGE pelos governos, Kocherlakota destaca os problemas existentes para a resolução de modelos macroeconômicos mais complexos. Ele também trata da necessidade de cuidados na definição precisa das origens dos ciclos de negócios (os "choques" dos modelos) e no uso de uma maior formalização na análise de política econômica.

O texto é brilhante na análise do estado atual da macroeconomia, dos cuidados necessários para o uso dos modelos DSGE na formulação de políticas, e das perspectivas para o futuro, sempre condicionadas à evolução da tecnologia para a resolução dos modelos. A mensagem que eu creio que fica do texto é que nenhum macroeconomista abre mão de aspectos relevantes da realidade na construção de seus modelos por maldade, incompreensão, birra ou burrice: o que falta, mesmo, é capacidade de solução de estruturas mais complexas. E Kocherlakota, neste ponto, sabe muito do que está falando.

Abraços!

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