março 27, 2012

Krugman e a Metodologia Econômica

Gostei muito de um post publicado hoje pelo Krugman tratando um pouco de metodologia de pesquisa ao falar de um artigo. Dois pontos principais me chamaram a atenção:

1) Primeiro, ao tratar de artigos seminais de autores mais antigos, Krugman vai direto ao ponto a respeito de sua aplicação a casos no presente. No caso, ele trata de Minsky e Keynes, mas existem tantos outros autores usados como "fonte do saber eterno" ao longo do espectro político/econômico que a aplicação do parágrafo é generalizada:
"So, first of all, my basic reaction to discussions about What Minsky Really Meant — and, similarly, to discussions about What Keynes Really Meant — is, I Don’t Care. I mean, intellectual history is a fine endeavor. But for working economists the reason to read old books is for insight, not authority; if something Keynes or Minsky said helps crystallize an idea in your mind — and there’s a lot of that in both mens’ writing — that’s really good, but if where you take the idea is very different from what the great man said somewhere else in his book, so what? This is economics, not Talmudic scholarship."

2) Segundo, ao tratar de complicações propostas no artigo que originou a crítica anterior, Krugman relembra um belo ensaio sobre metodologia publicado em seu website, e o conselho dado a jovens pesquisadores: "Simplify, simplify". No blog:
"I always try to find the simplest representation I can of whatever story I’m trying to tell about the economy. The goal, in particular, is to identify which assumptions are really crucial — and in so doing to catch yourself when you’re making implicit assumptions that can’t stand clear scrutiny."
O conselho é particularmente importante em uma época em que se tornou fácil escrever e resolver modelos cada vez maiores, sejam micro-fundamentados ou não. A facilidade para escrever modelos de médio e grande porte faz com que muitos pesquisadores percam o foco inicial da pesquisa, e muitas vezes encontrem problemas para separar todas as relações de causa-efeito que deveriam ser bem detalhadas ao longo do trabalho.

Na minha área de pesquisa, fico particularmente incomodado com modelos DSGE que incluem muitos detalhes que, em última instância, são irrelevantes ou incompreensíveis dentro do modelo, seja em termos de formulação (os micro-fundamentos), seja em termos de solução/resultados. A estratégia de Krugman, com o uso de modelos bem simples para iniciar o projeto de pesquisa, facilita a compreensão do argumento central do trabalho, enquanto oferece também a capacidade de verificar até onde o argumento é robusto a extensões da formulação básica.

Recomendo a leitura, tanto do post quanto do artigo na página pessoal.

Saudações!

março 11, 2012

II Enbeco - Agradecimentos

Cheguei hoje à tarde de Belo Horizonte, onde na sexta-feira participei do II Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia. Queria deixar meus agradecimentos de novo ao Shikida e ao Cristiano pela oportunidade de falar a uma platéia bastante interessada, e a todos os inscritos pela paciência com o autor dos 15 minutos mais longos e tediosos que estes já presenciaram. Meus oito leitores, logicamente, foram à loucura, como eu já havia antecipado caso eu participasse do primeiro encontro, mas o pessoal do IBMEC foi bastante profissional e soube contornar bem a histeria das massas.

Também foi legal conhecer a Roseli Silva, o Felipe Salto, o Thomas Kang, o Fernando Meneguin, e a identidade secreta do Drunkeynesian, além de lembrar que a lista de blogs aí do lado merecia uma boa atualização.

De fato, uma sexta-feira das mais agradáveis, em especial pela melhor das mesas, aquela depois do encontro terminado. Pena que nem todos os participantes do evento puderam prestigiar a melhor das apresentações.

Saudações!